Transporte alternativo e seus tipos estranhos...

Certa manhã, estava me deslocando para o trabalho que era relativamente distante da minha casa. 

Essa locomoção sempre foi feita na mesma van, onde costumavam viajar sempre as mesmas pessoas, com uma ou outra variação eventual. 

Muito gentilmente, cedi meu lugar à janela para uma senhora meio gordinha, que tinha problemas de artrose no joelho e este local lhe permitia que esticasse suas pernas no vão entre as fileiras. 

Sentei na poltrona do meio e na ponta sentou-se um senhor que deveria ter pelo menos 200 kg. Cedi meio banco para ele também, já ficando disposta a alcançar o melhor de mim. 

Pensei: Coitado, ele não tem culpa, isso é uma doença, ele deve ficar triste em ser discriminado... Começamos a viagem (porque realmente é uma viagem) e em 5 minutos ele dormiu... 

Em cima de mim, literalmente! Pensei novamente: Coitado, ele deve se sentir cansado com tanto peso... Isso é hipóxia, o coração dele deve estar muito dilatado... 

Até que não estava me incomodando muito... Só não conseguia relaxar com medo de morrer esmagada. De repente, tossi... 

E ele, entre sonhos, enfiou o dedo mindinho no nariz, tirou uma meleca, OLHOU e comeu! 

Não acreditei no que vi! Imediatamente acabei com o recosto, cruzando os braços em volta do peito e colocando o cotovelo na barriga dele. 

Na primeira soneca levou uma cutucada! E nova degustação narigal! 

Na segunda soneca e posterior cutucada, ele olhou-me de cara feia e disse: 

 - A senhora está me incomodando com seu cotovelo! 

Indignada, respondi de imediato: 

- E o senhor. está me incomodando com seu café da manhã! 

Confuso, ele perguntou: 

 - Que café? 

Triunfante, respondi: 

- Sua meleca... 

- Mas eu gosto e ninguém tem nada com isso! 

Fiquei revoltada com sua resposta, e minha língua ferina não pode ficar calada: 

 - Bem, o senhor pode gostar, a meleca é sua, não tenho nada com isso realmente. O que me incomoda é descobrir que até hoje eu não sabia que meleca engorda!!!

Crônica de uma mulher recém-careca!

Pois é, com essa coisa de tratamento, doença, meu cabelo caiu. Primeiro, fui perdendo algumas mechas quase imperceptíveis, e depois de alguns dias havia tantos buracos no cabelo, que optei por passar a máquina quatro. 

Digo a máquina quatro, porque não sou lá muito corajosa e nem mesmo sei se conseguiria me adaptar à total falta de cabelos de uma vez só. 

Bem, um homem careca não é estranho, diria até que é bastante comum. Totalmente careca, ou aqueles só com cabelinhos só acima das orelhas, ou os que não têm o topo, mas tem o restinho de cabelos... Enfim... Para o homem, é muito mais simples aceitar a falta de cabelos. 

No meu caso, não posso negar que até frio na cabeça eu senti... Mas também têm vantagens de montão... Não dá trabalho pentear, secar, arrumar... Isso não... Definitivamente é uma praticidade que eu não esperava. 

E aí, as sessões de quimioterapia foram se sucedendo e até mesmo o pouco cabelinho que restava, caiu. Como resultado, para não ficar esquisito ou desigual, deixei que me passassem a tão famosa (e temida) máquina zero. 

E agora, quase sem cabelo nenhum, venho a público esclarecer uma dúvida comum a muitas pessoas cabeludas desse mundo. Sim, dúvida de pessoas cabeludas e não dúvida cabeluda de pessoas. 

Eu como a mais nova careca de plantão, posso afirmar... Carecas usam shampoo.

Meu filho me viu tomando banho e ficou surpreso a me ver passando shampoo na cabeça... Começou a rir... Desplante! As crianças de hoje em dia perderam totalmente a noção do perigo mesmo... 

E ainda perguntou na maior cara de pau: 

- Mamãe, você está passando shampoo? 

- Claro que estou! – Respondi surpresa com sua pergunta. 

- Ué, achei que você lavava a cabeça com sabonete. 

- Minha cabeça não é cotovelo, é cabeça. CABEÇA. E na cabeça a gente usa shampoo. 

Sei lá, se eu não tivesse pés e comprasse talco pra chulé, aí sim tava errado. Ou se eu andasse com um pente na bolsa... Aliás, acabo de me lembrar que tenho que tirar a escova da bolsa. 

Acho engraçado que todo mundo fala assim: - Vou lavar a cabeça. Então... cabeça eu ainda tenho, me deixa lavar a minha direito. 

Outra coisa que eu fiquei me perguntando é se ainda tenho couro cabeludo. Eu sei, é um paradoxo dizer que meu couro é cabeludo. Será que o meu é couro carecudo? 

Vou passar a comprar shampoo pelo cheiro. Porque, obviamente, as vitaminas que estão nele não me interessam. Vitamina prá quê, vai ajudar quem? 

Bom gente, então, agora, no mínimo eu exijo mais respeito na hora de duvidar do asseio de alguém tão desprovida de cabelos como eu. Uso shampoo sim, pra deixar a careca bem limpinha e tratar de valorizar o que ainda tenho né?